«Este lugar não vai ser ocupado»

Não restou outra solução a Luís Filipe Vieira senão aceitar o pedido de demissão de José Veiga, na sequência de um problema pessoal – relacionado com o arresto de bens pessoais – que o director geral da SAD do Benfica viveu na passada terça-feira. O Presidente do Benfica marcou presença, nesta tarde de quinta-feira, na sala de imprensa do Caixa Futebol Campus, para dar a conhecer à comunicação social que a Direcção do Benfica «foi obrigada a aceitar o pedido de demissão de José Veiga, apesar de tudo ter feito para o demover de tal decisão».

Solução dentro do grupo de trabalho

Luís Filipe Vieira não quis, no entanto, deixar de revelar que espera «muito em breve que José Veiga resolva os problemas pessoais e que esteja de volta ao Benfica». «Em condições algumas deixarei sair pessoas que sejam profissionais, sérias e que defendam esta casa até às últimas consequências. São princípios de vida que defendo e que nunca irão mudar», justificou o presidente do Glorioso. Assim, foi de forma taxativa que Vieira repetiu: «Ele não será substituído».

Quanto à solução que espera ser temporária, será encontrada dentro do grupo de trabalho: «Temos Fernando Santos, Shéu, Lourenço Coelho, os nossos capitães de equipa, que sabem que ainda terão um trabalho mais árduo, e eu próprio, que estarei ainda mais perto da equipa». E a prova disso mesmo foi o anúncio de que o presidente marcará «presença em Braga». Mesmo quando confrontado com a hipótese de ser Rui Costa a ocupar o cargo, Vieira negou tal cenário, lembrando que o “maestro” «ainda tem muito para dar, dentro de campo, ao Benfica».

«Veiga quer proteger o grupo de trabalho»

Mas Vieira não calou a sua indignação acerca da forma como a notícia do arresto de alguns bens de José Veiga foi tratada por uma estação televisiva. «Aquilo que vivemos há dois dias é algo que tem a ver com uma situação pessoal do senhor José Veiga e não com o Sport Lisboa e Benfica, mas cabe-nos lamentarmos a forma como foi dada a informação. Ver aquelas imagens – sofás, quadros e televisões a serem levados de sua casa – foi tão deprimente que a pessoa que deu autorização para passar aquelas imagens ou não tem família ou não tem filhos», começou por lembrar.

Vieira contou, de seguida, que «o filho mais novo de José Veiga, que tem apenas 12 anos, está a passar por um momento muito difícil, tendo sido mesmo chamado pelo director da sua escola, com vista a ser acompanhado». «Também os pais do senhor José Veiga, que até estavam adoentadas, ficaram muito afectados com tudo o que foi mostrado na televisão. Já recebi muitas mensagens e todas são unânimes em dizer que a TVI prestou um péssimo serviço ao País», afirmou não sem antes sublinhar que «José Veiga foi achincalhado» pela forma como a informação foi veiculada.

Assim sendo, compreende-se que o ex-director geral da SAD do Benfica não tenha voltado atrás com a demissão: «Só eu sei a conversa que tive com ele e em que estado estava. É lógico que ele quer resolver os problemas pessoais, salvaguardar o Benfica e, acima de tudo, proteger o nosso grupo de trabalho», justificou Vieira, mesmo após neste mesmo dia ter tentado que Veiga não saísse.

«O primeiro a chegar e o último a sair»

Foi num tom emocionado que o Presidente do Benfica lembrou que «Veiga é conhecido por ser sempre o primeiro a chegar e o último a sair, além de resolver problemas». «Trata-se de alguém bastante profissional e isso eu não esqueço». Por outro lado, Vieira fez questão de lembrar que o Benfica é hoje um Clube organizado, pelo que «os jornalistas escusam de esperar à chuva por informação ou de tentarem escutar outros dirigentes do Benfica, como aconteceu nestes dois dias». «É que será sempre através do site oficial ou pela minha presença e pela minha voz que serão informados. Ao contrário de outros que vos perseguem, compreendo a vossa busca de informação, mas tenho de lembrar que existem regras e timings para tudo. Aqui trabalha-se com transparência, pelo que não precisam de ficar à espera para saberem quando entro ou saio do meu gabinete. Quando eu achar que devo falar, falo».

Em nome da Justiça

Vieira foi mais longe e referiu mesmo que «corromper e traficar não é a forma de estar do Benfica». Sem delongas, o presidente referiu-se ao outro tema do dia – uma manchete do Correio da Manhã que dá conta da presença dele mesmo e de Veiga na Polícia Judiciária com vista a prestarem esclarecimentos – e tratou de garantir ter sido «a PJ, em consequência de um pedido de colaboração da Justiça italiana, a ir ao Estádio da Luz com vista a procurarem ajuda no que às investigações à Juventus têm sido feitas». «Outros clubes europeus foram igualmente úteis neste caso e nós limitámo-nos a mostrar o contrato de empréstimo de Miccoli, tendo ficado provado que negociamos por cima e não por baixo da mesa», contou.

Aliás, o representante máximo do Benfica afirmou mesmo que, depois dessa reunião, «os benfiquistas deviam orgulhar-se ainda mais da forma como se trabalha no Benfica, uma casa aberta à Justiça». Ainda assim, Vieira lamentou pelo facto de em Portugal a justiça desportiva não ter a mesma celeridade da italiana, lembrando o processo “Apito Dourado”. «Houve corrupção e eu sei que há interesse em silenciar as pessoas, mas o Benfica teve acesso a informações importantes e escreveu uma carta ao Presidente da Liga e da FPF, não tendo obtido ainda qualquer resposta». «Espero que venham a formar-se assistentes do processo “Apito Dourado”, pois só assim a verdade pode ser apurada», pediu. E Vieira deixou mesmo a promessa de não se calar «enquanto não houver justiça».

Por outro lado, em termos desportivos, não se preocupem os benfiquistas. Vieira garantiu que «agora, mais que nunca, cada jogo será uma final para esta equipa». «Tudo faremos para mostrar a nossa força no relvado». Palavra, pois, de presidente.

Texto e Fotos: Ricardo Soares


fonte:www.slbenfica.pt